terça-feira, 3 de abril de 2012

O Curupira ouviu: Disma, Towards the Megalith

Disma é um quinteto de death metal formado em New Jersey por membros de grupos norte-americanos, como Funebrarum e Incantation. A banda pratica um som que tem como sua maior referência a música deste último. Ela integra um seleto grupo de formações ao redor do mundo (Mitochondrion, Antediluvian etc.) que pagam tributo ou promoveram uma espécie de “Incantation-revival”, todas com discos projetados em 2011. Ou seja, os caras executam um “deathão” lento, quase doom, sujo, modorrento, pesado, cavernoso, e cheio de passagens atmosféricas. Música de neanderthals para neanderthals. O álbum de estreia, “Towards the Megalith”, mesmo sendo lançado há um ano, evoca o bom e velho som old school, porém sem cair em repetições, imitações ou meras citações estéreis . Os vocais de Craig Pillard são absolutamente cavernosos. Parece um reencontro com os gloriosos dias em que ele integrou a fase clássica do Incantation e gravou obras-primas dos anos 1990, como “Onward to Golgotha”, “Mortal Throne of Nazarene” e “Upon the Throne of Apoocalipse”. Seu timbre ainda assemelha-se a rugidos saídos de uma caverna pleistocênica. O instrumental da banda é cheio de riffs pesados e marciais, intercalados por passagens rápidas e outras beeem lentas. As mudanças bruscas de tempo, tão caras ao gênero, afirmam o tom caótico do som. A produção é suja e distorcida, causando a deliciosa sensação de podridão noventista. Aliás, a experiência de ouvir o disco é toda permeada por essa questão do “velho”, do“antigo” ou mesmo “ancestral”. Não só por remeter ou ser influenciado pelo som de bandas veteranas, mas por toda uma atmosfera sombria, cheia de ecos, microfonia e aquele clima pantanoso,
ou de um lugar sombrio e profundo. Ouvi-lo é como ser transportado para os textos do escritor norte-americano HP Lovecraft: a invocação de imagens tétricas de tempos imemoriais e de um horror indizível. Enfim, fica aí uma dica para aqueles que gostam de death metal das “antigas”, mas ao mesmo tempo estão ávidos por um som que prima pela criatividade. Uma grata surpresa num cenário death saturado de mesmices e masturbação técnica.

Nota do pé virado: 9 (10).


Confira Disma - Of A Past Forlorn

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